02/05/2016

19. Holidays


Ela era a estrela e eu a irmã perdida.
Selena

Eu fico imaginando como deve ser a vida de outra pessoa. Pois eu sempre julguei a minha como uma completa merda e até pensei em encurta-la mais vezes do que deveria. É natural ter este tipo de pensamento sobre a própria vida? Não como um tipo de revolta adolescente ou um chamar de atenção, mas como uma reflexão séria. É normal? É apenas na minha família que temos todo esse rancor, ódio e tristeza?
Daí eu penso no Steven. No caos que ele é. Pais jovens e superficiais demais, sempre ausentes, colocando tudo acima dele. E quando ousam aparecer para algo, querem bancar a autoridade. Quem eles pensam que são? Eu vejo Steven se destruir a cada dia, se refugiando em coisas ilícitas querendo esquecer a realidade aonde vive sem amor. Eles não ligam para porra nenhuma que o envolva, mas quando se trata de sustentar as aparências, eles estão lá.
Ao menos, eu tenho Laura e Demetria. Elas podem me irritar e partir meu coração toda vez, mas o meu sentimento é inegável. Mas com Arthur parece que nosso vinculo fora quebrado com o divórcio. Ele não se separou apenas da Laura. Éramos tão próximos, o rei e a sua princesinha... Só o pensamento de que ele escolheu estar com outra pessoa, me faz querer chorar. Acho que não sei lidar com o segundo lugar. E se tem algo que eu aprendi, é que eu não preciso ser a princesinha de ninguém, além de mim mesma.
Agora eu estou aqui, sendo obrigada a comemorar e distribuir sorrisos falsos para os amigos de Sidney nesta noite gelada e natalina. Ela havia dado uma festa para os amigos mais íntimos dela e do Arthur. Não havia nada mais entediante. Eu estava sentada no sofá da sala, em frente à lareira para me aquecer, enquanto tomava um vinho escondido.
— Selena! — Demi tocou meu ombro, sua mão estava fria, pois ela vinha do lado de fora. Dylan, ao seu lado, sorriu para mim e foi em direção à cozinha. Eles estavam juntos fazendo alguma coisa. — Mamãe está ligando, vamos falar com ela.
Ah sim! Era o primeiro natal que passávamos sem a Laura. Mesmo que no anterior, após a ceia, eu tenha fugido para beber com Steven.
Passamos por todas aquelas pessoas que eu não dava a mínima e subimos a escada para o quarto que dividíamos para poder falar com mais privacidade. Assim que entramos, eu fechei a porta e Demi ligou para Laura, uma chamada em vídeo.
— Olá meus bebês! — Laura nos cumprimentou sorrindo.
— Mãe! — Demi disse com entusiasmo.
— E aí! — minha irmã olhou para mim com uma careta, mas logo sorriu ao olhar a tela de seu celular.
— Como a senhora está? Como vai passar o Natal? Eu sinto tanto a sua falta! Está muito calor ai? Como estão os doentes? Está sendo uma boa experiência? Eu...
— Demi querida, respire um pouco. Irei responder todas as suas perguntas, está bem? Temos tempo. — Laura deu aquele sorriso brilhante novamente. — Eu estou bem sim, estou lidando com crianças e elas são tão adoráveis... Como vocês estão? A escola?
Demi começou a falar de novo.
— É um nível difícil, sabe? É um colégio de elite. As dificuldades aumentaram, eu até planejava entrar para a banda do colégio, mas não sei se conseguiria administrar meu tempo. Mas está sendo uma experiência agradável.
— Se você se organizar, pode muito bem tentar entrar na banda, Demi. Nada lhe impede. Mas que bom que está se adaptando. E você? — eu sabia que elas estavam olhando para mim.
— De boa. — disse, brincando com uma mecha do meu cabelo.
— Você ao menos poderia fingir que está interessada nessa conversa. — o tom de Laura foi um pouco duro. Merda!
Esse orgulho não vai te levar a lugar nenhum, Selena!
— Tanto faz! Quando você vai voltar? — revirei os olhos.
Eu não consigo ceder tão fácil assim. Laura demorou um tempo para responder.
— No início de março.
Cacete! Ainda faltava muito tempo. Após isso, observei elas conversarem animadamente no canto da cama e tentei fingir para mim mesma que isso não doía.
— Eu sinto sua falta, mãe! — Demi sussurrou triste.
— Eu também, querida. Mas logo iremos nos ver. — algumas vozes ao fundo chamavam o nome de Laura. — Tenho que ir agora. Tenham um ótimo Natal! As duas...
— Feliz Natal, mãe! — Demi sorriu.
— Feliz Natal! — eu sussurrei e não tenho certeza se ela me escutou.
— Qual é o seu problema? — Demetria perguntou meio agressiva, assim que terminou a ligação.
— Eu também não sei. — respondi e senti vontade de chorar.

***

Após a ligação de Laura, fomos obrigadas a descer novamente. Demi e eu não conversamos mais sobre o assunto. Todos os amigos de Sidney estavam espremidos na sala, todos os rostos desconhecidos com quem eu tinha que passar um feriado familiar. Procurei por Dylan e me sentei ao seu lado. Eu estava me sentindo extremamente incomodada com as piadas internas que todo riam e eu não. Já posso dizer que este foi o pior Natal?
— Que tá rolando? — perguntei a Dylan, sussurrando mesmo sem saber o motivo.
— Amigo secreto! — ele respondeu no mesmo tom de voz que eu.
Ela não poderia ter sido mais original...
O Jogo continuou por mais algumas horas. Arthur estava sentado junto com Sidney no sofá, eu nunca o vi sorrir tanto. Como ele podia estar feliz?
Algo vibrou no meu bolso e era o meu ipod. Estava com ele para tirar umas fotos com o gorro de papel Noel que roubei do Dylan, me esqueci de deixar no quarto. Fiquei surpresa, pois era uma chamada via facetime com o Steven e ele odiava essa coisa. Guardei o ipod no bolso, ainda sem atender a chamada e saí discretamente da sala, apesar de que eu vi os olhares de Demi em mim.
— Steven? — atendi assim que me tranquei dentro do banheiro do segundo andar.
— Sel? — algo em sua voz, estava diferente e isso fez meu peito doer. Eu não conseguia vê-lo, a câmera filmava o teto.
— Sim... Você pode aparecer? — falei em um tom de voz suave. Houve um tempo de hesitação, até que ele falou seguido de um suspiro.
— Eu não quero!
Havia algo.
— E por que não?
— Desculpa por ter sido grosso com você... Da última vez. Eu não estava sendo eu mesmo no momento. E desculpa por só te procurar agora, mas é que... — ele parou de falar novamente, comecei a ficar nervosa.
— Steven? O que é?
Meu coração começou a bater forte.
— Fala comigo, por favor!
Silêncio.
— Steven-
— Eu não estava em casa na hora. Meu pai chegou de viagem e... Ele achou que tinha o direito de vasculhar o meu quarto... Eu não sei como, mas ele achou heroína e pó... Quando eu cheguei, ele me mandou ir ao escritório dele... Ele me bateu. Socou o meu olho e partiu a minha boca. Falou que não iria aturar filho drogado. Eu me descontrolei e soquei ele também... Isso só piorou tudo. Eu acordei no hospital com o rosto inchado e roxo... Não quero que me veja assim.
Eu nem notei, mas eu já estava chorando. Eu não conseguia respirar, encarei o chão, sem palavras.
— Ste... Quando... Isso aconteceu?
— Ontem de manhã. Ainda tá doendo para caralho. E ele... falou que vai me internar... No início de janeiro. E-eu, eu não quero ir Sel... Eu não... Eu preciso de você aqui! Eles estão dando uma festa lá embaixo com os amigos e me trancaram no quarto. Disseram que não queriam passar mais vergonha. Eu me senti sozinho, ai eu te liguei... Fica aqui comigo, por favor... — sua voz estava contida e chorosa.
— Eu... — respirei fundo e limpei as minhas lágrimas com a mão. — Quero te ver!
— Não! — ele gritou.
— Steven-
— Selena? — porra! Demi batia na porra da porta do banheiro. — Selena, eu sei que você está ai dentro! Abre a porta!
— Sel?
— Selena, já está na hora da ceia. Estão todos de procurando! Não é hora para sua criancice agora.
— Sel?
— Steven, olha eu já te ligo está bem? Fique bem! Eu te amo! Eu vou te ligar de novo, está bem? — desliguei quando ouvi um murmúrio “okay”.
Abri a porta, Demi estava de braços cruzados me encarando séria.
— Mas que porra?! Não posso mais ficar sozinha, não?
Ela respirou fundo.
— Eu não quero me irritar com você no Natal! Já bastou aquela ceninha ridícula com a Laura! Vamos descer, já está na hora.
— Não! Eu tenho uma coisa importante para fazer agora.
— Eu estou pedindo, vamos tornar esta noite algo suportável?
— Eu não vou.
— Selena, vamos descer agora!
— Eu já disse que não vou. Se você quer brincar de família feliz, faça isso sozinha! — gritei, sem me importar se nos ouviriam lá embaixo. Ela não disse nada e me deixou ir. Desta vez, eu me tranquei no quarto. Havia alguém que precisava de mim agora.

***

Não sei a que horas eu fui dormir ontem à noite, mas Demi não me incomodou mais. Fiquei conversando com Steven por horas e eu acho que consegui fazer com que ele se sentisse melhor. Meu coração doeu por eu não estar com ele nesse momento. Eu passei por isso também e apesar de todo o drama, Laura nunca chegou a me bater. O engraçado é o quão hipócrita o pai de Steven é, ele mesmo utiliza lsd às vezes no trabalho para estimular o processo criativo, e julga o filho pelo mesmo? Tudo bem que as razões podem ser distintas, mas ainda assim, estamos falando de droga.
Eu já estava acordada há um tempo e só tive coragem de levantar quando Arthur bateu na porta, nos acordando e pedindo para descermos. Eu queria dizer não, mas era Natal! Não tava a fim de brigar com ninguém e o lance do Steven me deixou muito mal.
Estávamos todos reunidos na sala, ao redor da árvore de natal carregada de presentes. Arthur mantinha um sorriso em seu rosto, talvez satisfeito. Revirei meus olhos.
— Hum... Selena? Sua irmã disse que não estava se sentindo bem ontem e por isso não participou da ceia. Você já está melhor?
— Ela disse é? — olhei para Demi, mas não me olhou de volta. Não falei mais nada, após isso.
— Bem, seus presentes! — Arthur sorriu e caminhou até a árvore de Natal. Ele retirou duas caixas de presente, uma extremamente grande e outra menor, e uma sacola grande também. — Confesso que tive dificuldade em escolher o presente de vocês duas, até recorri a Laura. Mas, espero que vocês gostem... Dylan!
Ele entregou a Dylan a sacola grande que a abriu logo em seguida, boquiaberto.
— Uau! — ele tirou item por item, aparentemente era uma coleção de Star Wars; dvds, pôsteres, bonecos e um sabre de luz.  Ele era bem fanzão. — Obrigada mesmo, Arthur! — Dylan sorriu, brincando com seu sabre de luz. Sidney olhava a cena com um sorriso idiota e uma xícara de chocolate quente em mãos.
— Não há de que... Demi! — ele entregou a caixa grande a ela, que aceitou sem hesitar. — Você foi um pouco mais complicada, mas já que gosta de arte, achei que gostaria de conhecer alguns artistas populares de L.A.
Era um quatro mediano, não sei dizer se era desenho ou pintura, mas era o rosto de uma menina e seu cabelo longo, foi desenhado a traços finos e tinta preta; ela tinha pontinhos nas bochechas e fazia um bico estranho. Seu olhar era intenso. O que eu não entendi foram as mãos desenhadas em seu rosto e cabelo, a única coisa colorida na figura.
— Nossa! É intrigante, obrigada! Eu adorei mesmo.
— E Selena... Talvez você esteja precisando disso. — me entregou o último pacote pequeno. — Quero que entenda que ninguém quer tirar sua liberdade aqui. Muito pelo contrário. Aqui não é uma prisão.
Eu abri. Era um celular, o último modelo do iphone que lançou recentemente. Não respondi nada, forcei um sorriso. Ele estava tentando me comprar com presentes e frases feitas. De qualquer forma, aceitei o presente.

***

Estávamos só nós dois em sua sala que ele tinha em casa para trabalhar. Sentei-me na cadeira, mas só por que eu estava cansada. Eu não o olhei, estava entediada, encarando o teto branco. Arthur pigarreou, mas minha atenção não se desviou para ele.
— Tudo bem! Eu mereço isso. Mereço sua hostilidade, seu ódio, seu silêncio e tudo mais o sentir por mim. Mas eu ainda sou seu pai, Selena! Reconheci meu erro e quero mudar! Aproveitar que está aqui para recuperar esses anos que me escondi, por culpa. Mas você acha mesmo que é a única que se machucou? Sua irmã também, mas ela está aprendendo a perdoar. Por que não faz o mesmo? — ele disse, quase sem respirar. Finalmente o olhei, cruzando meus braços e da forma mais irônica possível, eu disse:
— Papai, ouça... — respirei fundo e mudei meu tom, fui grossa. — Não me compare com a Demi! Eu não sou ela!
Ele passou a mão nos cabelos, suspirando e sentou-se em sua cadeira, do outro lado da mesa.
— Eu sei... Eu sei Selena, o que estou dizendo é que vocês passaram pelas mesmas coisas... Por que reações tão diferentes?
— Não Arthur... Mentira! Você não sabe de nada! Não sabe o que aconteceu quando nos jogou fora. Eu me tornei o tipo de garota indefesa, chorona, uma doente depressiva. E sabe quem a Demi se tornou? A garota brilhante, prodígio, perfeita. Ela era a estrela e eu a irmã perdida que não conseguia superar a separação dos pais. Sabe o que me perguntavam? “Por que você não consegue parar de chorar?”, “Faça parar de doer, tenha força de vontade.”, “Não se vitimize.”... Então não ouse nos comparar, pois se existe algo que temos igual, é só o aniversário. Eu nunca serei ela e a dor dela nunca será minha.
Arthur me encarou, sem palavras. A raiva me consumiu, comecei a gritar, cuspindo as palavras que tanto desejei dizê-lo. Eu chorava de raiva, de dor, de cansaço, de culpa.
— Selena... — Arthur levantou de sua cadeira e tentou me tocar. Ai eu me descontrolei.
— Eu também não sei, tá legal? Eu não sei por que eu não consigo fazer parar de doer. Eu não sei como parar de chorar. Eu não sei como perdoar. Eu não aguento mais viver nessa casa e fingir que está tudo bem! Você acha que olhar para você é fácil? Desculpe, mas eu não sou capaz de fazer isso. Demi pode até ta aprendendo a te perdoar. Mas eu não. Até por que eu nem sei como.

***

Nesses seis dias que se passaram não aconteceu muita coisa. Passei a maior parte do tempo em casa e até estudei, conversei com Steven pelo meu novo celular que ganhei no Natal e foi isso.
Se eu estivesse em Nova Jérsei, hoje no dia de ano novo, iríamos eu, Laura e Demi para Nova Iorque assistir a descida da bola da Times Square. Seria divertido, mas, sinceramente, eu não to a fim de fazer porra nenhuma nesse ano novo. Minha contagem regressiva é outra totalmente diferente.
Um mês já se passou. Faltam apenas dois. Sinto que tudo fica mais insuportável e minha relação com Arthur se encontra ainda mais fragilizada. Ele tenta consertar as coisas, eu teimo, dou as costas e continuo na mesma. Gostaria de por um fim nisso, de verdade. Seria tão mais fácil falar para ele “Está tudo bem, eu estou bem!”. Mas minha realidade não é assim.
É como se eu debatesse o mesmo assunto todos os dias. Estou cansada.

***

Estávamos eu e Demi estudando no quarto. Eu fingi não notar os olhares que ela me lançava e sua tentativa de falar algo. Ela estava me encarando agora, com a boca aberta. Se ela quer dizer algo, por que não diz logo?
— Selena? — começou...
— Sim?
Ela ficou em silêncio.
— Arthur veio conversar comigo sobre a discussão que vocês tiveram há duas semanas... Ele acha que nós temos alguns problemas para resolver.
— O que? — olhei para ela, quase rindo.
— Ela me contou tudo... O que você disse sobre mim... — ela largou o livro de História no colo e respirou fundo. — É isso o que você pensa de mim? Sério?
— Não é o que eu penso. É a realidade! — rolei meus olhos, aonde ela queria chegar com esse assunto?
— Saiba que você está errada, está bem? Não foi fácil para mim não. Focar nos estudos foi a solução que eu encontrei para superar todo esse drama. Os elogios e a atenção foram somente resultados da minha dedicação. O que você queria? Que lhe parabenizassem por saber qual veia cortar para sangrar o suficiente e não morrer? Pelo amor de deus, você está errada em pensar essas coisas de mim. Da mesma forma em que estou errada em pensar estas coisas de você. Eu não entendo você e você não me entende. Isso é errado! Deveríamos passar por isso juntas, dando forças uma a outra e não disputando quem sofreu mais. Não conversamos... você não confia em mim? Nós somos irmãs, Selena. Nossa relação não deveria ser assim. Isso é algo que eu quero mudar, de verdade. É a minha meta de ano novo. Eu te amo. Não quero ficar odiando você.

Is it too late now to say sorry? 
olha, eu realmente não achei que fosse demorar meses para postar esse capítulo, mas pensem na quantidade de coisas que aconteceram comigo: tive prova, testes, bloqueios, rolou umas brigas que me deixaram bem triste mesmo. Sempre entrava aqui para escrever algo, mas desanimava. E sem contar que a ideia em si desse capítulo já seria fazê-lo bem grande (para o meu normal) por que abordaria dois feriados e ninguém merece capítulo de natal e ano novo separados né mores, mas acabou que eu não consegui pensar em nada para o ano novo, então vamos fingir que esse feriado não existe q
selenators, o que acharam de kill em’ with kindness como single? Eu sou sober fã e não aceito o hino sendo injustiçado ~sobs
capítulo repostado, pois não estava aparecendo no feed
amo tanto essa mulher ♡

17/02/2016

18. Crush

Eu não o conheço mais.  
Demi

As duas primeiras semanas praticamente voaram. Eu gastei meu tempo estudando, estudando e estudando. Por mais que tenhamos perdido somente dois meses de conteúdo, ainda era muita coisa.
Eu estava praticamente enlouquecendo por causa de Joseph Stalin. Eu precisava de uma pausa.
Segundo o meu calendário, o meu teste sobre a revolução russa seria daqui a dois dias; 15 de dezembro. O Natal estava ficando cada vez mais próximo e era estranho, eu não sentia nenhuma vontade de comemorar. Desde o divórcio, raramente eu passava algum feriado com o Arthur; e quando fazia isso, era o dia dos pais e olhe lá. Ele se tornou realmente distante e frio, algo que eu nunca esperaria do pai amoroso e presente que ele era. As pessoas mudam... É difícil se referir a ele por um ‘era’. ‘Arthur era um pai legal’, ‘Ele era um ótimo marido’. Parece que toda a minha história com ele se encontra no passado. Eu não o conheço mais.  
Entretanto nada mudou por aqui. Selena continua com sua implicância, Arthur tenta se aproximar e Sidney tenta fazer com que a odiemos menos, pelo menos comigo está funcionando. Eu não quero ficar com um sentimento ruim dentro de mim e eu sinto sinceridade na fala e nas ações dela, ela está tentando. 
Porém, algo mudou para mim. Yoongi (eu simplesmente não consigo chama-lo de Mason) e eu estamos cada vez mais próximos e isso me assusta um pouco, mas eu gosto. Eu estou conhecendo-o melhor também. Yoongi não é a pessoa mais organizada ou centrada em seus estudos, o total oposto de mim e também é doce e descontraído. 
Eu estava gostando dele numa velocidade absurda. Não estava nos meus planos chegar aqui e me apaixonar, mas parece que essa é uma das únicas coisas que eu não posso controlar. 

***

Parece cliché o mito da gêmea boa e a gêmea má. Eu nem preciso explicar em qual nomeação estou. É. Eu já fui chamada de cliché. Minha vida é um cliché repetitivo e nauseante. Mas eu não tenho ideia do por que de estar divagando sobre isso no colégio quando eu deveria estar focada em Stalin.
Talvez eu esteja cansada de estudar pessoas como ele. Ou talvez eu só esteja com inveja por que todas essas vidas são mais interessantes que a minha. Não que ditadores loucos sejam legais, por favor. Mas ao menos, eles eram alguém e quem eu sou?
Passei todo o meu teste pensando nisso. Fiz tudo rápido demais, pois sabia todas as respostas corretas. Eu posso responder tudo certinho e só tem uma pergunta que eu não sei a resposta...
Quem sou eu?
— Ei! Vai ficar empatando a escada? — eu reconhecia essa voz. Levantei minha cabeça para enxergar quem falava comigo...
Oh, não.
Era o garoto que eu acidentalmente vi quase transando com uma garota na festa da Taylor. Céus, ele estuda aqui?
Pelo visto ele lembrava-se do ocorrido, pois pareceu me reconhecer.
— Hum.. Oi! — falou sem graça. — Eu te conheço, não é?
— S-sim... — minha voz quase não saía, era embaraçoso me lembrar daquela cena.
— A festa da Taylor.
— O quarto da Taylor.
Falamos coisas diferentes ao mesmo tempo.
— Huh... É bom te encontrar... Quer dizer, preciso me certificar que não vai contar para ninguém que me viu com uma garota lá. — ele finalmente disse.
— Por que é tão importante para você isso? Estava traindo alguém? — não sei de onde tirei a audácia para falar isso e ele pareceu ofendido, o rosto chegando a ficar vermelho.
— Não! — sua voz aumentou. — Não. Tecnicamente não... Só fica quieta tá legal? Eu vou indo...
E saiu andando, olhando par atrás algumas vezes e eu não entendi nada.
— Por que você estava falando com o Joe? — mais alguém me assustou e pelo sotaque...
— Joe? — então era esse o nome dele.
— É... aquele cara que acabou de sair! Ele é meu amigo. — Yoongi deu de ombros, sentando-se do meu lado. — Como foi no teste? Deve ter ido bem, você é inteligente...
— Eu soube responder. E você? — ele sorriu singelamente quando o respondi.
— Vou tirar uma nota alta o suficiente para não rebaixar na matéria.
— Eu vejo nos filmes e até na internet, as pessoas falando que a Ásia é bem rígida quando se trata dos estudos e você me dá uma resposta dessas?  — perguntei divertida, mas algo na expressão de Yoongi mudou bruscamente.
— Não estamos na Ásia. — e ele levantou infeliz. Eu não sei o que disse de errado. Novamente, eu não entendi nada.

***

Yoongi não me procurou mais após nossa conversa e sua saída súbita. Tentei não pensar nisso durante o resto do dia.
No jantar, Arthur nos perguntava o que queríamos fazer durante os feriados.
— Eu quero cair fora daqui! — disse Selena. Todos os olhos se direcionaram para ela.
— Selena, eu posso falar com você a sós quando acabar de comer? — Arthur disse paciente e até tentou sorrir. Selena pôs o garfo sobre a mesa e ficou em silêncio, como se pensasse.
— Não. — enfim disse, fazendo-me revirar os olhos.
Arthur estava realmente tentando não perder a cabeça e gritar com ela, mas gritar com Selena nunca era a solução. Ela sempre estava pronta para rebater.
— Eu não estou pedindo, estou mandando! Quando terminar de comer, faça-me o favor de usar a educação que eu sei que Laura te deu e vá até a minha sala. — ele disse sério, mas Selena não pareceu se intimidar, ela balançou os ombros e passou a ignorar a todos enquanto comia.
Quis sair deste ambiente o mais rápido possível, então comi da forma mais acelerada para poder ir sem ninguém me enchendo.
— Com licença, eu já terminei. — e então deixei a mesa, indo para o meu quarto. A sala se tornou ainda mais tensa.
Esse era um dos momentos mais desconfortáveis, com certeza. Mas eu não culpo Selena. Eu a entendo, só não concordo. Guardar esse rancor dentro de si não faz bem e nem mudará nada. Arthur não voltará para nós e nem para mamãe.
Eu sabia que Selena estava infeliz aqui, não é como se eu estivesse pulando de felicidade, mas eu aprendi a aceitar. Ela deveria fazer o mesmo.
Algo vibrou sobre a minha cômoda e logo que vi que era o meu celular.
— Alô? — perguntei, pois não vi quem me ligava.
— E aí? Tá pensando em mim?
— Que folgado! — eu ri um pouco com Yoongi. Era estranho ele me ligar e ainda agir assim, pois no colégio ele me evitou e pareceu irritado... Preferi não comentar nada.
— Aish... Eu quero te fazer um pedido!
— O quê? — fiquei curiosa.
— Você dirá “sim” para qualquer perguntar que eu fizer nessa ligação, pode ser? — disse em tom divertido, revirei os olhos, mas eu continuava curiosa... O que ele vai me perguntar?
Hesitei por um tempo, mas concordei.
— Sim.
— Ótimo. — ele riu. — O que estava fazendo que te impediu de pensar em mim?
— Estava comendo. O ser humano precisa disso, se quer saber.
Para falar a verdade, até que eu estava pensando nele... Durante o jantar.
— Ainda não é uma boa desculpa. — ele propositalmente se fez de irritado. — Sabe quando sai o resultado do teste de história? Eu preciso inventar minhas desculpas...
— Não sei... E não entendi o quis dizer. — franzi minha testa, confusa.
— Se preocupa não, coisa minha. — decepcionada, eu murmurei um “hum...” e ficamos em silêncio.
— Eu quero te ver.
— Você não pode, já está tarde.
— Você não deveria dizer sim para cada pergunta minha?
— Exatamente. Mas isso não foi uma pergunta.
— Aish! Você é muita esperta, por que fui gostar de uma garota assim? — fiquei surpresa e me derreti em vergonha, cobri meu rosto com minha mão mesmo que ele não pudesse me ver. Yoongi reparou no disse e ficou sem graça. — É... Er... Você é esperta.
— Obrigado...
Depois desse momento, continuamos conversando sobre coisas aleatórias e Yoongi foi a única coisa que me fez rir hoje.
Mas já estava ficando tarde, teria que desligar.
— Hum... Eu tenho que desligar.
— Espera! Posso te fazer uma pergunta?
— Claro... — concordei sem prestar muita atenção.
— Você quer sair comigo? Tipo um encontro?
Arregalei os olhos... Como?!
— E-eu não sei... Hã...
— Demi. — ele chamou meu nome e eu me esqueci de respirar. — Você não pode negar nenhuma pergunta minha, esqueceu?
Droga. Eu realmente havia me esquecido dessa coisa conforme conversamos e conversamos bastante, pois a ligação já contava uma hora e cinco minutos.
Eu fiquei um tempo ser saber o que dizer.
— Assim... Não é como se você pudesse recusar, então...
— Tudo bem! — então eu pude respirar.
— Ótimo! — ele riu mais uma vez. — Pode ser no sábado da semana que vem?
— Semana que vem é Natal, Yoongi...
— E depois?
— É ano novo. Não pode ser depois?
— Ah! Eu não quero esperar até janeiro para sair com você.
— Desculpe docinho, mas é o que vai acontecer. Tchau, tchau!
Assim que finalizei a ligação, Selena entrou no guardo visivelmente irritada.
— Não fala comigo. — se adiantou, antes de eu abrir a boca. — Quando vamos poder voltar Demi?
Ela pediu para eu não falar com ela, mas de repente estava falando comigo?
— Eu-
Aí eu notei que ela estava chorando.
— O que... Por quê?
— Eu quero ir embora. Eu não quero continuar aqui. Por favor, vamos embora! — ela começou a andar de um lado ao outro, enquanto chorava forte.
Eu não pensei em nada. Só fiz o que parecia certo no momento, a abracei. 

Olha quem tá aqui mais cedo? Euzinha! Isso foi para eu me redimir, demorar dois meses para postar é foda viu? Mas aqui estamos com um capítulo +1.000. E eu, particularmente, adorei esse capítulo 
Eu nunca falei nada para vocês, mas eu só irei atualizar se houver, ao menos, 2 comentários em um capítulo, ok? Às vezes demoro por isso também ;-;
[off] eu dei uma atualizada na minha página de apresentação, se alguém quiser conferir X, pois muita coisa pode mudar em um ano, não é? Beijos :) 
 
Yoongi com platinado é horrível 

10/02/2016

17. Meeting



Steven era viciado em mim e eu era viciada nele. 
Selena
Eu era uma garota de 14 anos quando descobri que sexo era divertido. Conheci uma garota que muitos chamavam de problema e ela me apresentou a esse mundo. Ela era legal. Seu nome era Wendy e sempre cheirava a nicotina e morangos; não sei ao certo o porquê.
Seis meses depois e ela vazou da cidade. Então eu conheci Steven. De início, eu só o achava gostoso e bonito. Ficávamos algumas vezes, eu fazia oral nele, mas nunca foi nada sério. Quando eu fiz quinze anos, eu percebi que estava envolvida emocionalmente com Steven por que ele começou a fazer falta, sua presença passou a me fazer bem e então tudo mudou quando nos encontrávamos somete para sentirmos a presença um do outro.
Steven passou a me procurar quando tinha problemas ou quando se sentia sozinho. Eu o abraçava e o observava chorar limpando cada lágrima depois.
Eu o procurava quando Laura e Demi me enchiam e chorava nos braços dele quando eu sentia que não iria aguentar.
Steven era viciado em mim e eu era viciada nele.
Esses dias sem ele estão me fazendo enlouquecer. Ficar com Dylan não foi certo por mais que Steven repita um milhão de vezes “Eu não me importo se você quiser pegar outros caras”, pois eu sei que ele não está ficando com ninguém. Então eu também não devo, certo?
Por isso eu tenho que desculpar com Dylan. Não por ele, mas por mim.

***

Demorou cerca de infinitas batidas na porta de Dylan para ele abrir. Ele parecia cansado, os olhos malmente estavam abertos. Ele me encarou por alguns segundos e sem dizer nada, deixou-me entrar em seu quarto.
— O que você quer? — perguntou logo de cara.
— Me desculpar. Eu fui uma má garota.
— É você foi. Não foi legal me beijar, me fazer esperar coisas e depois dá uma desculpa de que tinha namorado. Eu me senti... sei lá. — frustrado, passou a mão pelo pescoço e encarou seu pôster de Darth Vader.
— Desculpe mesmo, Dylan! É que eu sempre fui uma pessoa bem ativa. Esses dias longe do meu namorado estão sendo uma loucura pra mim. Eu apenas procurei conforto em outra pessoa... Você! — fui sincera e pedi que ele olhasse para mim. — Eu gosto de você. É a única pessoa que suporto nessa casa e se os três ficarem contra mim, não sei se irei sobreviver. Estamos no mesmo time, certo?
Um sorriso brotou timidamente no meu lábio.
Certo. — ele disse num tom baixo. Ofereci a minha mão para ele apertá-la.
— Eu juro que não farei mais nada nestes três meses para você se apaixonar por mim... — como previ, Dylan arregalou os olhos e balançou a cabeça repetidamente.
— Não, não, não, não... Eu não-
— Está tudo bem Dylan! É difícil não ter uma queda por isso aqui. — apontei para o meu corpo, conseguindo fazê-lo rir, desconfortável. 

***

Segundo o relógio do meu ipod, já passava das cinco da tarde. Eu passei as últimas horas conversando com Dylan até adormecermos na cama dele. Fomos acordados pelo toque do celular, uma mensagem dos amigos de Dylan (aqueles caras de beleza mediana e o asiático que tá dando em cima da minha irmã). Por falar nela, por que Demi ainda não me perturbou? De qualquer forma, eles estavam vindo para cá.
— Onde estão Arthur e Sidney? — perguntei a Dylan. A casa tornava-se maravilhosa sem a presença dos dois.
— Trabalhando, provavelmente. — sua resposta foi o suficiente mim.
— O que você vai querer comer?
— Pizza! — sem nem pensar, eu respondi. 
— Ok. Eu vou pedir a pizza, qual sabor você quer? — Dylan levantou-se de sua cama, arrumando sua blusa amassada. Ele ainda estava meio grogue, o que era engraçado.
 — Pepperoni. — respondi e por algum motivo, ele sorriu.
— É o meu favorito. — ele falou, me fazendo rir.
— Anda logo que eu tô com fome. 
Mas quem saiu do quarto fui eu. Eu precisava saber da Demi. Aonde ela tá? Será que morreu e seu corpo tá lá no quarto e ninguém notou? 
Fui pensando nas prováveis hipóteses até chegar ao quarto que dividíamos. Será que eu encontraria um cadáver lá dentro? 
Abri a porta devagar com medo de sabe-se lá o que. 
— Dá para abrir logo isso? — pulei de susto quando ouvi uma voz familiar (reclamar) dentro do quarto. 
— Porra, Demi! Você acabou com a minha entrada dramática. Achei que estivesse morta aqui...  Por que se escondeu o dia inteiro? 
Ela estava deitada em sua cama, coberta por livros e cadernos. Acho que isso já bastava para eu entender. 
— Estudando. — mas ela respondeu mesmo assim enquanto escrevia. — Você deveria fazer o mesmo. 
— Eu deveria fazer muitas coisas, Demetria. De qualquer forma, vem jantar.
— Vamos comer o quê? — ela deixou os livros de lado e começou a se mover.
— Pizza. Agora vai descendo. 

***

Os amigos de Dylan apareceram quando eu enfiava a minha última fatia de pizza na boca. Senti mãos gélidas tocaram o meu ombro, o que e fez olhar para cima e ver Yoongi com o braço apoiado em mim. Não entendi a intimidade, mas não disse nada. 
— Oba, pizza! — ele disse e pegou uma fatia. — E aí?
— De boa. Aonde tão os outros?
— Subiram com o Dylan pro quarto dele.
Estávamos sozinhos na sala de estar. Eu apenas assenti de leve.
— Aonde tá a sua irmã? — perguntou assim que terminou de comer. Demi desapareceu assim que os meninos chegaram, louca.
— Vocês estão ficando próximos, não é? – já que Demi não me conta nada, tentaria arrancar algo do próprio Yoongi.
— A gente está se conhecendo, nada demais...
— Você quer namorar a minha irmã? Boa sorte!
Ele sorriu e roubou a fatia de pizza da minha mão.
— Não é como se fossemos namorar. 
— Então você quer transar com ela e depois deixa-la? — arquei minha sobrancelha, ele negou rapidamente. 
— Claro que não! Eu posso não parecer, mas tenho meus valores, ok? Agora vamos subir. 

Vamos fingir que o flop do capítulo 16 nunca aconteceu e vamos seguir em frente ♡
 Desculpem a demora, mas esse capítulo não saia. Ele tá tão desnecessário, então tive que correr para não demorar tanto. Feliz ano novo galera! (atrasada sim).
[off] gente, eu tava relendo a estória para ver a cronologia dela e eu percebi que eu pulei o dia de ação de graças /morta. Eu to muito puta comigo mesma ahhhhhhhhhhhh O dia que as meninas chegaram era o dia da comemoração, eu quero me matar!!! (só falta eu esquecer do natal) :c